domingo, 10 de janeiro de 2010

Chile 07

Terremoto
Entrar em um pulgueiro no bairro mais fuleiro do centro da cidade, sentar-se num lugar feio e sem ventilação, com banheiros mantidos secos graças à serragem no chão, prometer que vai se manter só na cervejinha, fazer cara feia para o tal terremoto do "La piojera". Tudo isso cai por terra no segundo gole. O que era "exótico" vira uma tarde inesquecível. Que venham a réplica e mais um.

Saudade
Escrevo o último post sobre a viagem já em casa, no Brasil.
Se o fado foi criado no Brasil ou em Portugal, há controvérsias, mas a palavra saudade, que só existe como tal no bom português, deve ter sido criada para descrever uma falta inexplicável de que, de quem e de onde não se sabe bem o que é. Só se sabe que é falta. E o que seria da vida em poesia se não fosse a falta, se só fosse construída de exaltação da presença?

No Chile, tive saudade de bons e velhos amigos, de nossa boa música, boa comida e dos lugares tão públicos e tão íntimos em minha cidade. Agora, em casa, dos novos amigos que chegaram, dos lugares especiais que conheci, da próxima viagem.

Mas dessa vez não canto mais o fado, estou tranquilo e natural como alguém que sabe que não se poderá carregar tudo na vida, embora tudo (de lá e de cá) esteja bem guardado aqui comigo:

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(...)

Álvaro de Campos
em passagem das horas

dia 07: Barrio Concha y Toro, Matucana, Parque, Barrio Brasil, Juan y medio e La Piojera com Pablo, Josi, Davi, Fausto.
dia 08: Volta a La Chascona, compras, Cerro Sán Cristóbal, conversa difícil, teatro clandestino, Como água para chocolate.
dia 09: Pablo, Josi, Davi, volta ao Brasil

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